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13 de jun. de 2016

Assim como aqueles filmes cujos professores são os protagonistas, na vida real eles também são Inspiradores segundo estudos

Novos estudos mostram a importância de dar apoio ao trabalho do professor e criar uma cultura de colaboração nas escolas

Em filmes cujos professores são os protagonistas, é comum eles serem retratados como personagens inspiradores, detentores de uma espécie de dom natural para ensinar seus alunos. É normal em se tratando de ficção. O problema é que esse imaginário é também bastante frequente no senso comum. Ensinar, porém, é uma tarefa complexa, que exige preparo e constante suporte ao trabalho em sala de aula.
Em sua mais recente edição, a revista “The Economist” tratou do tema em reportagem de capa. O texto cita estudos recentes que mostram que professores que tiveram apoio constante de colegas mais experientes designados para avaliar seu trabalho e dar orientações precisas sobre o que fazer obtiveram resultados melhores para seus alunos do que os demais. A matéria também destaca que em países ou estados com melhores resultados em educação _caso de Finlândia, Singapura e Shangai_ esta cultura de colaboração entre professores é bastante presente.
Neste ponto, a reportagem da Economist vai na mesma linha de livros, estudos e relatórios internacionais que têm destacado cada vez mais a necessidade de criar ambientes profissionais de apoio ao professor em sala de aula. Esta prática é particularmente importante numa profissão em que a maior parte do trabalho acontece de forma isolada dos demais colegas, dentro de sala de aula.
No livro “Professores Excelentes”, por exemplo, Barbara Bruns e Javier Luque descrevem num dos capítulos os resultados de um estudo do Banco Mundial que observou mais de 15 mil salas de aula em sete países da América Latina e Caribe, incluindo o Brasil. Um dos indicadores utilizados para avaliar a qualidade da aula foi o tempo que os professores efetivamente conseguiam usar para ensinar os alunos, sem interrupções por causa de tarefas burocráticas, atrasos ou indisciplina. Em muitas escolas, foi observada grande discrepância na qualidade da aula entre professores do mesmo colégio. O livro cita como exemplo uma escola em Minas Gerais onde havia um professor que conseguia dedicar 80% do tempo de aula para o ensino, enquanto outro, no mesmo estabelecimento, aproveitava apenas 20%.
Mesma escola, professores diferentes
 Uma maneira de interpretar este resultado é concluir que o professor que dedicava apenas 20% do tempo para ensinar era negligente com seus alunos, e o melhor a fazer seria afastá-lo de sala de aula, para que não prejudique mais os estudantes. Pode ser verdade em alguns casos, pois há bons e maus profissionais em qualquer área. Outra conclusão possível é de que aquele mesmo professor estava tentando fazer o melhor que podia. Sem oferecer a ele apoio e uma orientação clara sobre como melhorar, ele continuará tendo dificuldades, por mais que se esforce.
 Um indicador do quanto os professores estão recebendo suporte e apoio para melhorar é perguntar a eles com que frequência costumam observar outros colegas em sala de aula, para dar ou receber algum retorno sobre seu trabalho. Num estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico publicado em 2014, o Brasil apareceu, numa lista de 32 países, como uma das nações em que isso era menos frequente, com 77% dos docentes afirmando que nunca faziam isso, ante uma média de 45% em todos os países do levantamento. O dado indica que ainda há muito a avançar no Brasil para garantir boas condições de trabalho que permitam estabelecer uma cultura de apoio e trocas frequentes entre professores, em benefício dos alunos.
POR ANTÔNIO GOIS
Fonte: http://blogs.oglobo.globo.com/antonio-gois


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