
Para começarmos a responder essa pergunta, temos que entender primeiro a situação complicada que os professores das escolas públicas no Brasil enfrentam. Entre esses problemas incluem:
• Pressão de calendário apertado e falta de tempo para assuntos importantes relacionados com o trabalho (sua preparação, correção de provas, atividades de programação, etc.)
• O grande número de alunos por salas. O que não permite um acompanhamento individual do progresso de cada aluno, comprometendo diretamente o aprendizado.
• A falta de disciplina por parte dos alunos, com reincidência de casos absurdos de indisciplina.
• Má gestão da educação por parte de políticos despreparados, e isso pra não falar da corrupção.
• Excesso de burocracia que os professores são submetidos.
• A falta de realização pessoal: respostas negativas em relação a si mesmo e trabalho.
As situações descritas acima leva o professor a uma exaustão emocional: que é caracterizada pela perda progressiva da energia gerando desgaste, cansaço, fadiga, depressão e etc. Este é um pequeno resumo do cenário que os professores enfrentam.
O mais engraçado é que o temporário, em muitos casos, tem que suprir a falta de professores efetivos por motivo de licença diretamente relacionada com exaustão. A questão é justamente o fato do professor temporário ter que passar por todas as situações de um professor efetivo, mas sem ter os mesmos direitos. Por exemplo, em São Paulo a licença do temporário em razão do falecimento de um parente próximo é de apenas dois dias consecutivos. Quem se recupera emocionalmente da perda de um filho ou cônjuge em dois dias? Que qualidade de ensino um profissional vai passar para seus alunos em uma situação dessas?

Mas se é tão ruim, por que esses profissionais aceitam esse trabalho? O sistema de professores temporários no Brasil se alimenta em geral de profissionais desempregados, em inicio de carreira buscando por experiência, ou que ainda estão cursando faculdade, observe que em todos esses casos são pessoas na sua maioria desesperadas para trabalhar. Fica claro que a mudança não pode partir daí, vejo muitos comentando nas redes sociais a seguinte frase:
“Se valorizem, não aceitem esses empregos que pagam tão mau”
Quando a gente ler fora de contexto é até bonito, é só todo mundo não aceitar essas vagas, daí o sistema será obrigado a valorizar mais. Na pratica imagine se uma pessoa desempregada há meses, talvez até sem ter dinheiro para se alimentar direito ou com muitas contas para pagar, vai deixar de aceitar uma vaga de emprego. Um outro fator que beneficia esse sistema errado é que aqueles professores que não precisam mais do serviço temporário não estão mais nem aí pro assunto, talvez até compartilhem esse texto, mas não vão comprar essa guerra.
Gostaria de deixar aqui no final uma mensagem de que aos poucos a educação no país vem melhorando, mas não é o que realmente acontece. Muitos profissionais, não apenas os professores, ainda enxergam os problemas no Brasil como separados e sem ligação, os problemas da saúde são dos médicos, enfermeiros e doentes, os problemas da violência são dos policiais e vítimas, e os problemas da educação são dos professores e dos alunos, ou seja, o pensamento de muitos é o seguinte: se o problema não está me atingindo diretamente então não é problema meu, já tenho problemas demais na minha vida, cada um que faça seus protestos e corra atrás dos seus direitos. É verdade que muitos estão por aí lutando pelos direitos dos temporários, mas a vida desses professores, assim como as de outros profissionais que prestam serviço a estados e municípios, só vai realmente melhorar quando todos entenderem que não dar pra vencer essa luta sem união, um único pedaço de vareta é fácil de quebrar, mas você já tentou quebrar várias varetas juntas e unidas? É preciso que todos mostrem que querem melhorias e mudanças, que essas promessas de um Brasil melhor não fique apenas nas palavras de políticos em ano de campanha eleitoral.
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