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8 de jul. de 2016

Emprego dos professores de São Paulo podem está ameaçados


Avaliação foi feita com base em mudanças semelhantes realizadas em 1995 na rede estadual
Estudo feito pela Rede Escola Pública e Universidade mostra que o governo Geraldo Alckmin está fazendo uma reorganização escolar silenciosa em São Paulo, poucos meses após ter voltado atrás publicamente da decisão. O grupo, formado por professores e pesquisadores de universidades paulistas, diz que ao menos 165 escolas estaduais não abriram matrículas no 1º e no 5º ano do ensino fundamental e no 1º do ensino médio. Dessas escolas, 53 estavam na lista de reorganização divulgada antes do recuo do governo.

O levantamento feito pela rede também mostra que o número de alunos por classe aumentou em quase todas as etapas de ensino. No fundamental, agora são cerca de 35 pessoas por sala. No ensino médio, 37, e no EJA (Educação de Jovens Adultos), 45. Assim, quase todos os ciclos estão no limite do número de alunos recomendado, que é de 30 alunos no ensino fundamental, 40 no ensino médio e 45 no EJA.

Segundo Ana Paula Corti, do IFSP (Instituto Federal de São Paulo), que participou da pesquisa, a ação do governo é uma medida de "racionalização administrativa", que leva pouco em consideração o que realmente é preciso para se ter um bom aprendizado nas escolas.

— É um gerenciamento que vai, de alguma maneira, fazer as escolas aumentarem o número de alunos por turma. Há um processo de “racionalização da rede”. O aumento do tamanho das turmas é uma questão que incide diretamente na qualidade do ensino e afeta no trabalho do professor.

Veja a cobertura completa da reorganização escolar 

Além disso, a pesquisadora diz que, fazendo um comparativo com outra reorganização realizada em 1995 em São Paulo, professores podem sofrer com a falta de emprego na rede estadual.

— Se o Estado concentra alunos em salas, ele economiza recursos. E o que isso traz de bom para a qualidade da educação paulista? A motivação [da reorganização] não é de âmbito pedagógico. Afeta a vida de um contingente enorme de pessoas: do aluno e do professor.

Com base nos dados da pesquisa, a Rede diz que está sendo implantada, de maneira sutil, a reorganização escolar, que gerou uma série de protestos de alunos e ocupações de escolas no fim do ano passado. Depois de intensas manifestações contrárias à iniciativa que, segundo estudantes e professores, fecharia escolas e incharia turmas, a reorganização foi suspensa por liminar em dezembro.

De acordo com Ana Paula, a pesquisa foi feita com base em cadastros de 2015 e 2016. Eles trazem informações sobre mais de 5.000 escolas. Os pesquisadores trabalharam com os dados brutos.

— Assim, a gente chegou a informações que não estão disponíveis pela secretaria.


Em 2016, houve uma queda de 1.336 no número de matrículas de alunos. Além disso, 2.404 turmas do ensino fundamental e médio foram extintas. Isso mostra que ainda existe uma demanda por salas e que, mesmo com um número mais baixo de matrículas, a falta de alunos não justifica o fechamento das turmas.

A intenção do estudo, segundo a pesquisadora, é acompanhar as políticas na rede estadual e dar publicidade para que o cidadão tenha acesso a questões que não teria normalmente.

— A nossa perspectiva é de produção de dados técnicos que possam ser de conhecimento público. É importante que a população possa saber o que está acontecendo para que isso ganhasse transparência.

Para a pesquisadora, é preciso explicações da secretaria a respeito desse processo observado no estudo. Ela diz que é fundamental que tenha maior transparência nas ações em relação à educação, ainda mais depois de todos os protestos que aconteceram no ano passado.

— É importante que eles explicitem a forma como eles vêm conduzindo a política pública. O debate democrático não aconteceu. As escolas precisam ter voz.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou que “é absurda a tese de que há reorganização velada na rede estadual de São Paulo”. Segundo a pasta, “o processo foi suspenso em dezembro de 2015” e o estudo apresenta “inconsistências graves”.

A secretaria diz que “das supostas escolas apontadas pela análise, por exemplo, 17 pertencem à Fundação Casa e, portanto, não são escolas. Também foi possível detectar que em algumas unidades houve abertura de turmas e não fechamento. Além disso, a análise ignora que desde fevereiro deste ano já foram abertas 656 salas novas salas”.

A demanda, segundo a secretaria, estaria ligada à abertura de classes: “Em todos os ciclos, a média de alunos por classe está abaixo do estabelecido pela Resolução SE-02/2016, ou seja, pelo módulo da Pasta. Nos Anos Iniciais o número se manteve em 28 estudantes nos últimos cinco anos. Já nos Anos Finais, passou de 33 alunos por turma para 32. E no Ensino Médio, a média se manteve em 35 estudantes. A movimentação de alunos é inerente à rotina das escolas estaduais e ocorre todos os anos. Além disso, a população em idade escolar (6 a 17 anos) vem diminuindo. Comparando-se os meses de abril de 2015 com o mesmo período de 2016 constatou-se queda de 1,41% na demanda, o que equivale a 107.206 alunos a menos na rede estadual paulista”.
Fonte: http://noticias.r7.com/educacao

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