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28 de nov. de 2016

Com baixos índices de qualidade da educação, o Brasil está recrutando futuros professores entre os piores alunos do ensino médio.

Com baixos índices de qualidade da educação, o Brasil está recrutando futuros professores entre os piores alunos do ensino médio. O resultado pode ser observado em levantamento feito pelo Inep, instituto ligado ao Ministério da Educação, sobre as notas obtidas no Enem por calouros de diferentes cursos universitários.
Os dados revelam que 19,1% dos candidatos do Enem 2014 que ingressaram em uma graduação de pedagogia no ano seguinte não conseguiriam sequer um certificado de ensino médio com a nota do exame. Tiraram até 450 pontos, considerando-se a média aritmética das quatro provas objetivas e da redação.
Para obter um certificado de ensino médio —possibilidade aberta a pessoas com mais de 18 anos e fora da escola—, é preciso tirar 450 pontos em cada prova e 500 na redação. Mais, portanto, do que esse grupo de quase 1 em 5 futuros professores.

Os cursos de pedagogia formam, principalmente, profissionais que atuam até a quarta série e educadores em cargos de chefia, como coordenadores e supervisores. A proporção de calouros com desempenho ruim nessa graduação é bem maior do que a média. Entre os universitários em geral, 9,9% tiraram até 450 pontos. Entre os ingressantes nas áreas de matemática e ciências, é de 5,6%. E, entre os aspirantes a médicos, a faixa é tão insignificante que não entrou na conta.
Para especialistas, há duas explicações para a situação. A primeira é a baixa concorrência dos cursos. A graduação em pedagogia é terceira com mais vagas no país. A segunda explicação é a falta de atratividade da carreira. "Como parte significativa dos alunos vocacionados com boa formação não busca o curso, aumenta o número de vagas para alunos com pior formação que gostariam de fazer qualquer um", diz o professor José Carlos Rothen, da Universidade Federal de São Carlos. O salário é um fator chave —um professor ganha 39% a menos que outros profissionais com nível superior.

Hoje, o mercado de trabalho tem vagas tanto para professores com boa formação como para os que têm deficiências, diz César Callegari, integrante do Conselho Nacional de Educação e ex-secretário municipal da área em SP.
Diante dessa realidade, ele defende uma reformulação dos cursos de formação para profissionais que já estão na sala de aula, com um reforço maior da parte prática. "Hoje, os cursos satisfazem mais a necessidade de obter títulos para progredir na carreira do que a as demandas efetivas dos alunos e professores", diz. Ele também defende um exame nacional de admissão para atuar na área.
Fonte: Leia a matéria completa no Jornal da Folha de São Paulo.


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